A romã com as suas sementes vermelhas envolta pelo epicarpo tem sido ao longo dos tempos envolta em diversos simbolismos. Considerada símbolo de diversidade cósmica, monarquia governante, fertilidade no casamento, sinónimo de lealdade, e do mito do retorno eterno. Segundo a lenda, quando a deusa grego-romana Perséfone estava a recolher flores, a Terra abriu-se, o seu tio Hades (Plutão) apareceu e levou-a para o submundo. A mãe desolada, Deméter (Ceres) percorreu o mundo à sua procura e como não a encontrou, os campos deixaram de produzir milho, o Homem seria condenado, se Zeus (Júpiter) não convencesse Hades a libertar Perséfone. Antes de a deixar, Hades persuadiu-a a comer algumas sementes de romã, que as ingeriu desconhecendo as consequências pois todos aqueles que comiam algo no submundo não teriam uma partida definitiva, sendo forçados a um eterno retorno. Neste mito grego-romano explica-se também as estações do ano: a alegria, a Primavera; a reunião de mãe e filha, Verão; a procura, o Outono, a tristeza pela separação, o Inverno.
domingo, 15 de novembro de 2020
Romazeira
A Árvore da Vida

A visão da "Árvore da Vida", uma imponente e divina árvore, centro de todo o fluxo de energia que unia os reinos sobrenaturais e o mundo humano percorreu os séculos. Esta árvore com raízes no submundo unia a Terra ao Reino dos Céus, e tornou-se num símbolo universal, o início de toda a criação.
Na Bíblia, a "Árvore da Vida" está localizada no centro do Jardim do Éden, o "berço" do Mundo onde a ordem divina regulava todos os seres vivos. Muitas culturas mencionam, que a "Árvore da Vida" se encontrava num alto de uma montanha sagrada e que das suas raízes brotava uma fonte de todo o conhecimento. Através desta, o Homem poderia ascender a níveis superiores de iluminação espiritual, alcançar a salvação e libertar-se de um ciclo de sofrimento eterno. Os seus frutos podiam conceder também imortalidade, tal como os pêssegos (Prunus persica), frutos mencionados no Taoísmo Chinês ou as maças (Malus domestica). Na mitologia grego-romana, os deuses bebiam um doce néctar produzido de flores, uma divina exalação da Terra, para garantir a eterna juventude e sabedoria.
Fonte: Carvalho, L. 2011. The Symbolics Uses of Plants, in E. N. Anderson, D. Pearsall, E. Hunn, and N. Turner, Ethnobiology, Wiley-Blackwell Editions, England.
domingo, 9 de agosto de 2020
Publicação
Resultados de uma investigação realizada em contexto rural e mais tarde em
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urbano, no âmbito de um mestrado em Antropologia na vertente Natureza e Conservação, nesta publicação comparou-se os conhecimentos relativos à utilização de plantas aromáticas e medicinais em meio rural [duas freguesias da ilha (Fajã da Ovelha - concelho da Calheta e Ilha - concelho de Santana)] com o meio urbano (concelho do Funchal), verificando se há acréscimo, perda ou hibridação de saberes. Comparando os dados obtidos verificou-se que existe perda de conhecimento etnobotânico aquando de fluxo migratório de um meio rural para o urbano, bem como incorporação de novas espécies vegetais em contexto urbano.
Estão disponíveis livros para venda. Contactar através do e-mail
quinta-feira, 6 de agosto de 2020
Tamareiras
No arquipélago na Madeira existem alguns exemplares da família Palmae (Areacaceae), Phoenix canariensis Chabaud e Phoenix dactylifera L. a primeira ornamental, a segunda cultivada por motivos alimentares, ambas introduzidas no século XI e nativas da Ásia Ocidental e do norte de África.
A tamareira é utilizada desde o Mesolítico, mais tarde, os povos sumérios cultivavam-nas para fins alimentares. Simbolizava fecundidade e longevidade, a Bíblia refere-a como uma árvore sagrada, onde a tâmara era considerada um mantimento divino.terça-feira, 5 de maio de 2020
D. Quixote de la Mancha (Cervantes)
As plantas ao longo da história do Homem são usadas para a alimentação, na medicina, como símbolos para ilustrar a beleza, tamanho ou forma ou ainda usadas na literatura como muitas funções e múltiplos significados, nomeadamente para ilustrar paisagens ou caracterizar pessoas.
Com aplicações medicinais, a planta mais abordada foi o alecrim (Rosmarinus officinalis), que segundo a receita de D. Quixote é aplicada para elaboração do "bálsamo de Fierabras", mistura de alecrim, azeite, vinagre e sal, o mesmo elixir usado para embalsamar Jesus. Esta planta após mastigada e misturada com sal também seria aplicada nas feridas. Ainda com aplicações medicinais foram referidas as plantas, Cerotonia siliqua (alfarrobeira) usada para diarreias, as passas (Vitis vinefera) e amêndoas (Prunus dulcis) para aumentar a memória. Fonte: Pardo-de-Santayana et al. (2006). Plants in the works of Cervantes, Economic Botany

