domingo, 4 de setembro de 2016

Na tinturaria...

As plantas, dão também o seu contributo na tinturaria, de onde surgiram várias cores para tingir tecidos e peças de vestuário. Na ilha da Madeira desde o início do povoamento, séc. XV, os primeiros colonos, engenhosos, para obter as cores desejadas recorriam a vários processos e fontes, de origem vegetal: índigo (Indigofera tinctoria), casca de nogueira (Juglans regia) e/ou carvalho (Quercus robur), dragoeiro (Dracaena draco), entre outras; e de origem animal: chocos, búzios, etc... Em laboratório, apenas no séc. XVII foram isoladas as primeiras cores primárias, e a partir do séc. XIX, surgem então um maior espectro de misturas e degradações, oferecendo aos fabricantes de tecidos, inúmeras combinações.
O azul é raro nas plantas, como tal, o famoso azul índigo proveniente de Indigofera tinctoria, família Leguminosae, continua em muitas culturas contemporâneas a ser utilizado para tingir vestes tradicionais de comunidades, que vivem em regiões desde África (Marrocos) à Arábia. Entre estas, estão as "pessoas azuis do Sahara" ou as "pessoas do véu": os tuaregues, grupo nómada que vive no deserto do Sahara, e que tradicionalmente usam o tagelmust, simultaneamente véu e turbante, azul, que tornou-se um símbolo de status e prosperidade, e de um grupo ético. 

De Carvalho, L. M. 2011. The Symbolic Uses of Plants, in Ethnobiology. (eds. E.N.Anderson, D.Pearsall, N.Turner), John Wiley&Sons, Inc., NJ, USA.Nóbrega, M.A.C. 1999. O Traje Regional - Achegas para a sua Divulgação. 1.º edição. Editorial Eco do Funchal, Camacha.

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